Ministério Público pede a prisão da mulher de Sérgio Cabral por esquema de lavagem de dinheiro
- G1
- 24 de nov. de 2016
- 3 min de leitura

O Ministério Público Federal voltou a pedir a prisão da mulher do ex-governador Sérgio Cabral. Os procuradores suspeitam do envolvimento do escritório de Adriana Ancelmo em lavagem de dinheiro.
Dentro de prédio público ou no meio da rua. Dois executivos da Carioca Engenharia contaram que lugar não era problema para entregar propina em dinheiro vivo para integrantes da organização criminosa.
Eles revelaram aos procuradores que os pagamentos eram feitos dentro de um carro. Eles entravam no carro, davam uma volta no quarteirão e entregavam o dinheiro.
Também disseram que pagavam propina na Secretaria de Obras, e que um dos operadores financeiros do esquema tinha uma sala dentro da Secretaria.
Wagner Jordão e Orlando Rabelo foram identificados pelos executivos como os homens que recebiam o dinheiro. Os dois estão presos.
O Ministério Público Federal suspeita que uma outra porta para a entrada de vantagens indevidas foi aberta pelo escritório de advocacia da mulher do ex-governador.
Para os procuradores, Adriana Ancelmo pode ter ocultado proveitos da atividade criminosa de Sérgio Cabral.
O Ministério Público afirma que o escritório teve um crescimento vertiginoso durante os dois mandatos dele. E alguns pagamentos chamaram a atenção por envolverem empresas suspeitas de lavar dinheiro para a organização criminosa.
O escritório de Adriana Ancelmo recebeu, somados, quase R$ 2 milhões de duas empresas, Reginaves e Hotel Portobello.
Ainda segundo os investigadores, o escritório da ex-primeira-dama também recebeu dinheiro de quatro concessionárias de serviços públicos. Juntos, o Metrô Rio, a CEG, a Oi/Telemar e a Light pagaram quase R$ 17 milhões.
O Ministério Público Federal registra que essas empresas eram concessionárias para o governo do Rio durante a gestão do ex-governador Sérgio Cabral.
Os procuradores classificam de assombroso o volume de dinheiro que a Fecomércio - Federação do Comércio do Rio de Janeiro - pagou para o escritório de Adriana Ancelmo.
Segundo o MPF, os valores são superiores à soma de todos os clientes nos anos anteriores a 2013. Entre 2013 e 2016, a Fecomércio desembolsou pouco mais de R$ 13 milhões com o escritório de Adriana Ancelmo.
O volume de dinheiro impressiona tanto quanto o que os procuradores definem como gastos exorbitantes dos integrantes da organização criminosa. Só que para o Ministério Público Federal, esse gosto pelo luxo acabou sendo uma as mais fortes evidências da corrupção e da lavagem de dinheiro.
Casas em condomínios de luxo, como a que está em nome da ex-primeira-dama em Mangaratiba; lanchas, uma delas avaliada em R$ 5 milhões; helicópteros; anéis, colares e brincos com preços exorbitantes.
O Jornal Nacional apurou que entre as joias apreendidas na casa de Adriana Ancelmo algumas estão avaliadas em mais de R$ 150 mil, cada uma.
Os investigadores suspeitam de lavagem de dinheiro, porque havia uma estreita ligação entre os integrantes da organização criminosa e joalherias.
Só Carlos Miranda, apontado pela Justiça como o homem da mala e como operador de Sérgio Cabral, ligou 311 vezes para lojas que vendem joias.
Chamou a atenção dos procuradores não ter nenhuma nota fiscal no nome dele nem da mulher. Nesta sexta-feira (18) terminou o prazo para que as joalheiras dessem à Justiça informações sobre possíveis vendas ao grupo.
A maior parte dos benefícios fiscais concedidos a joalherias foi no governo de Sérgio Cabral.
Em um relatório do Tribunal de Contas do Estado de 2008 a 2013, as joalherias tiveram isenções de ICMS no valor de R$ 230 milhões.
“A facilidade de guarda, de transporte, são objetos pequenos com grande valor que podem ser ocultados com facilidade. E ao final das investigações e de eventual ação penal eles podem ser leiloados para ressarcir os danos”, diz o procurador da República Lauro Coelho Júnior.
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